Asas para a imaginação e vida ao eco interior

por Daniel Albuquerque: “Teresa Decide Falar”, de Lindevania Martins

Quando comprei meu ingresso para decolar nessa jornada, não esperava que, mesmo antes de apertar os cintos, já tivesse sido puxado pelas pernas.

Há um reduto muito bonito no escopo de cada uma dessas 15 histórias que é a realidade se tornar mais palpável dentro do universo fictício do que, por assim dizer, na realidade ordinária.

Da fragilidade à incompreensão em “Duas irmãs” que ás vezes grita nos espaços gélidos infinitos, clamando por uma centelha que se reconheça em qualquer alma gêmea perdida pelo mundo, para o impulso que, se voltando para o escuro íntimo do ser, escave até encontrar alguém que possa equilibrar força e emoção para seguir em frente, em frente unificado ou duplicado, mas em frente.

Aqui, nenhum de nós poderia ver Maria Lúcia e Maria Rita brilhando sorridentes sob o teto de Selene, pois, o mistério delas era maior. Jamais poderíamos escolher entre a importância da jornada ou da companhia, tão logo Rita buscara refrigério em Lúcia para seguir adiante.

Mas eu, de outro modo, se pudesse, me esgueiraria na petulância do “Menino por dentro” para pavimentar minha jornada. Comeria de tudo que visse ou viesse pela frente – dado um bom taurino – não me preocupando com os olhares e as mentes atrofiadas daqueles que me assistissem porque quem tem fome de conhecimento come também dos antídotos contra o preconceito e não se intimida com as setas inquisitivas.

Se eu me preocupasse, morreria. Mas de forma nenhuma, daria a eles o sabor do veneno que escorre pelo canto de suas bocas quando criticam e abraçam posicionamentos totalitários. A morte pra mim, deve ser uma escalada magistral, tal como em “Seleção de emprego”, uma crítica mordaz à classe, hora pleiteante de nosso tempo na informalidade, hora refém da mecânica CLT, que não tendo óleo que lubrifique as engrenagens da consciência, marcha gradativamente para uma morte inconsciente. Tão inocente quanto subir numa cadeira e pular na bala da sorte, é nesse momento que o filtro da razão é suspenso. E quando o capuz é colocado na cabeça, perdeste a visão de onde queria chegar, emprestou tua vitalidade e retornou ao nada.

De qualquer forma, emprestei também meu coração às minhas três histórias prediletas e, desse modo, fico feliz por ser fã e amigo pessoal dessa pessoa.

Deixe um comentário